domingo, 29 de junho de 2008

ser mãe é.....

Pagar mico. 
Um mais escalafobético do que o outro. Micos inimaginávies.  
Em público.
Em público, pelo amor de Deus!!

Quer saber do pior? A gente faz com prazer. Sabe que está enfiando o pé na jaca, continua a enfiar e de vez em quando se diverte prá valer. De vez em quando.
Festa Junina é uma dessas ocasiões em que eu preferiria fazer tratamento de canal sem anestesia do que ter que ter que aparecer na festança. Salvo a dancinha das crias, sempre peço piedade para ser incluida fora dessa.
Esse ano não rolou. Lá fui eu para o Arraiá do clube com as crias que a-d-o-r-a-m uma muvuca.
Fofoquinha me arrasta para o meio do tablado perto do palco aonde uma companhia de dança country está se apresentando. Ela se diverte assistindo, dançando e batendo palmas enquanto eu penso quanto tempo mais meu martírio vai continuar. Já que desgraça pouca é bobagem, como diz o ditado, os dançarinos descem do palco no final de um número e se espalham entre o público. A coreógrafa bailarina chefe (cujo trabalho apresentando foi beeeem inspirado no das chacretes que dançam no Programa do Faustão) anuncia que agora todos vão participar na versão country que ela inventou para uma música famosa: 
-Atenção para a Macarena Country!- anuncia a loira de chapinha no cabelo, peito turbinado, chapéu de cowboy, mini saia, bota carrapeta e com a maquiagem escorrendo porque está molhada de suor.

MACARENA COUNTRY!
E lá fui eu com Fofoquinha, que insistiu que mamãe tinha que dançar com ela sem aceitar um não como resposta. Até me colocou do lado de uma bailarina para aprender os passos melhor.
Passinho prá lá, bundinha prá cá, mão com laço para o alto e Êeeeeeeeeeeeeeeeeee Macarena.

Nem pensem vocês que vou me estender a descrever a dancinha que veio depois, a "Eguinha Pocotó".






sábado, 28 de junho de 2008

fofices do design XVI

Você e sua família foarm convidados para aquela casa de praia dos seus amigos. Oba!
O casal de amigos não tem filhos.
Ohh. Mal o convite acabou de ser feito e você já está imaginando o tamanho da mala e a quantidade de tralhas extras (todas de primeira necessidade, of course) que vão ocupar o porta-malas do carro. 
Agora, quem precisa de uma tralha a mais ocupando lugar na mala? Eu não. É por iso que adorei a idéia do cadeirão de viagem. Portátil, quando dobrado fica do tamanho de uma fralda. As estampas são uma mais fofa do que a outra.
O cadeirão é feito no Canadá e, como sempre, foi idéia de uma mãe. Ahh, essas mulheres maravilhosas.... 
Melhor ainda, eles entregam em qualquer lugar do planeta. Até mesmo na casa de praia.

quarta-feira, 25 de junho de 2008

olha que coisa mais linda, mais cheia de graça

Mamãe Sabe Tudo orgulhosamente anuncia a abertura das inscrições para o concurso "Miss Mãe Antipática da Pracinha/Parquinho 2008":
O concurso é realizado todo ano na Pracinha ou Parquinho perto de sua casa.
As candidatas devem apenas ser maiores de dezoito anos e devem ser mães. 
Existem, porém, pré-requisitos para que sua candidatura seja aceita. Todos eles são comportamentais uma vez que a aparência pouco importa (não vai ter nenhum juiz do SPFW, portanto pode deixar sua bolsa da Louis Vuitton em casa. O tempo também está muito húmido para fazer aquela chapinha). 
Atenção: Todo o tipo de comportamento para ser aceito no formulário de inscrições deve acontecer somente na área e vizinhanças próximas à pracinha e/ou parquinho. Referências por escrito de outras mães e pajens são um plus.
São eles:
  • Não seja simpática com as outras mães e pajens.
  • Não permita que sua cria brinque com nenhuma outra criança.
  • Não divida brinquedos. E não perca tempo nenhum explicando isso para o moleque de 1 ano e meio que pegou a pazinha da sua cria. Simplesmente tire da mão dele e vire as costas. Ignore os protestos e choro do cotoquinho.
  • Ao mesmo tempo, deixe que sua cria pegue o brinquedo de quem for, sem perguntar de pode.
  • Quando a cria largar o brinquedo, deixe aonde ela largou ao invés de devolver para o dono.
  • Se por um acaso você estava de bom humor com a vida e pediu emprestado um carrinho de uma criança e sua cria gostou muito, leve para casa. Assim mesmo, recém-agregado de graça. Simplesmente leve embora quando vocês forem para casa.
  • Perca o brinquedo da outra criança.Vá embora sem dar nenhuma satisfação.
  • Faça bastante bolhas de sabão e não empreste para mais ninguém fazer.
  • Não divida o lanche, mesmo que uma outra criança chore, peça "por favor" por livre e espontânea vontade(o cúmulo da vontade de pegar um biscoito) ou se atire no chão de desespero. Se quizer dar um toque ainda mais gracioso, diga:" Esse biscoito é só da minha filha".
  • Fale mal de outra mãe para uma conhecida dela. Mais importante ainda, fale mal da cria dela.
  • Chame as pajens de "essa gente" em conversa com outra mãe. 
  • Reclame bastante de sua pajem, aos ouvidos de todo mundo que estiver num raio de 5 metros, inclusive as pajens amigas da sua pajem.
  • Discuta com a pajem da outra criança por um motivo beeem bobo.
  • Fale palavrão.
  • Fume.
  • Fale (em alto e bom tom) no celular o tempo todo que estiver na pracinha/parquinho.
  • Ignore a fila que se formou no balanço e permaneça lá até a hora que sua cria cansar-uns 45 minutos, em média.
  • Se sua cria quer ir no escorregador ou outro brinquedo e tiver fila, fure.
O concurso não tem data prevista para encerramento das inscrições. 
Surpreenda sua amiga, sua vizinha, sua sogra! Inscreva-a!

Mamãe Sabe Tudo deseja de coração BOA SORTE à todas vocês!



um dia depois do outro, por um mês


Férias da pajem. 
Férias escolares.
Preciso dizer mais ou para bom entendedor meia pal
Basta?


sexta-feira, 20 de junho de 2008

toys'r'us


Comecei anotar que Fofoquinha adorava brincar nas caixas de papelão das encomendas que chegavam em casa quando ela tinha uns 16 meses. Ela passava 3 minutos inteirinhos entretida: entrava, saia, abria e fechava as abas, se escondia, usava como meio de transporte du jour e levava a caixa com brinquedos dentro para passear dentro do apartamento. Com o tempo comecei a fazer janelas e portinhas nas caixas e ela começou a brincar de casinha, carrinho, a esconder bonecas e brinquedos dentro e tantas outras invenções. E eu com essas caixas de papelão semi-destruidas pintadas em giz-de-cêra com muito carinho e total falta de coordenação motora na minha sala de estar dia sim, dia sim. Ai de mim se a jogasse fora. Coisa que só dava para fazer com a chegada de outra, novinha em folha e de preferência, mais espaçosa.
Pausa para uma informação de utilidade pública: você sabia que a caixa de papelão foi o único objeto a ser incluido no National Toy Hall of Fame dos EUA em 2005 entre 36 outros brinquedos como, ora pois, brinquedo?
Outra coisa favorita em casa, tanto com uma como com outro: a formiguinha. A formiguinha são meu dedo indicador e anular que sobem pelas pernas ou braços para fazer cosquinha embaixo do braço ou pescoço. A formiguinha é minha arme de préférence para entreter crias em salas de espera de consultórios, restaurantes e qualquer outro lugar no qual Fofoquinha e Matraca-Trica não tenham o menor interesse e paciência para simplesmente estar por mais de 2 minutos e 25 segundos:
Eu acho que eu ví uma formiguinha
subindo,
subindo,
subindo prá fazer cosquinha!
Crianças não precisam de um quarto amontoado de brinquedos para serem felizes. De verdade. Não precisam de um trailer (como o da imagem acima), de uma motoca motorizada (!!!!) nem do último lançamento que custa o salário de um mês ou dois da pajem. Brinquedos são bacanas, sim, não sou contra absolutamente. Sou contra exageros que empolgam durante 1 mês e depois ficam coletando poeira por outros 10 até que eles sejam doados. As caixas de papelão e a formiguinha, por exemplo, não sairam de style até hoje, mais de 4 anos depois. O que quer dizer que sim,  ainda tenho uma caixa de mudança na sala de estar, incorporada à decoração permanentemente. Pintada e repintada, com muitos stickers e carimbos, cheia de fita durex, com muitas marcas de dentes e dedos engordurados e com várias abas faltando. Sabe aquela peça de decoração que um parente próximo do seu marido deu e ele faz questão que fique bem à vista (ele adora a tal coisa!) mesmo que seja um abacaxi no meio das graciosas petúnias que você cultivou com tanto carinho? Pois é.
Bom, depois de todo esse passeio pelo meu (in)consciente eu lembrei o que queria dizer e que poderia ter sido resumido em poucas palavras: 
Sabe qual é o melhor brinquedo para uma criança, na minha opinião? Sua companhia e a imaginação deles.


terça-feira, 17 de junho de 2008

fofices do design XV



Vamos combinar que com um trocador desses que inclusive sobe e desce para melhor acomodar as suas costas, a gente ia passar o dia inteiro arrumando desculpa para trocar fraldas, não? Hii, ele fez xixi de novo? Pode deixar que eu troco, com prazer!
Olha só que bacana a última imagem do trocador que fica pendurado na parede e depois do uso ele fecha, como aquelas tábuas de passar ferro antigas.
Ahh, nada como o design escandinavo para alegrar os olhos da gente...
Essas belezuras são da BOdesign.
O único problema com esses trocadores, no meu parecer, é que eles não existiam quando Matraca-Trica e Fofoquinha precisaram.

segunda-feira, 16 de junho de 2008

mohawk

Existe um website chamado Truemomconfessions.com. Um portal para colocar para fora tudo o que você quizer a respeito da maternidade, marido e familiares. Meio trashy, é engraçado ver a quantidade de bobagens que as mulheres escrevem a respeito de suas vidas. É também bastante deprimente, confesso. Passo lá só para manter a perspectiva da realidade e ler coisas do tipo "Aonde está minha tesoura quando preciso dela?". Como essa mulherada ADORA reclamar dos DHs (Dear Husbands-os maridos), é impressionante! 
Funciona assim: você vai lá para ler ou postar algumas linhas. Ao lado de seu post as pessoas tem acesso para fazer comentários ou simplesmente concordar, clicando no "me too". 
Me surpreendí com um dos comentários: "I gave my son a mohawk." Até onde havia olhado, haviam 43 comentários (90% positivos) e 23 "me too"-incluindo o meu.
Sim, cortei um moicano no Matraca-Trica. Difícil foi convencer o cabelereiro a fazê-lo. Ele não entendeu muito, mas depois que viu o resultado disse que ia cortar o cabelo do filho assim também. Matraca-Trica agora se diverte em passar gel e puxar o cabelo para cima todo dia. Um moicano light, of course, mas um moicano mesmo assim. 
Quer saber? Adoro me divertir com meus filhos, adoro quando eles se divertem, adoro ser inconsequente de vez em quando!

sábado, 14 de junho de 2008

fofices do design XVI

Quando se trata de crianças, design não é só para olhar. Não dá para ficar com um elefante branco em casa se qualquer produto bacaninha que você comprou não for funcional. Alguns produtos poderiam ter soluções melhores, tanto de um lado como de outro. É o caso do Snack Catcher da Munchkin. Idéia excelente, funciona que é uma beleza. A tampa é feita de plástico com uma abertura aonde só entram dedinhos diminutos capazes de pegar uma bolachinha, cereal, M&M's ou seja lá o que você colocar dentro sem deixar cair todo o resto no tapete da sala ou banco do carro. Apesar do design e cores que poderiam ser melhores, o Snack Catcher vale a pena por causa da praticidade.

sexta-feira, 13 de junho de 2008

momento desabafo

Tá vendo essa imagem acima da Mulher Biônica? Essa gostosona com cabelos de comercial de shampoo sempre pronta-de salto-para correr e salvar o mundo? Essa bacana que tem uma casa sempre pronta para ser fotografada por uma revista de decoração, que cozinha divinamente e lê todos os livros sobre psicologia infantil para lidar com os filhos? Ela que está sempre com uma lingerie sexy por baixo da roupa e não sua mesmo depois de 45 minutos de aula de spinning?
Pois é, essa não sou eu. Não passei no teste. Aliás, tive um dia em que o oposto a tudo isso aconteceu. 
Começa com a pajem está de férias. A cara metade viajando. Matraca-Trica na noite anterior machucou o ombro e o ortopedista disse que ele não poderia carregar nenhum peso no dia seguinte. Não fosse isso o suficiente, a fralda dele vazou e ele acordou às 6 da manhã, ainda escuro, e não dormiu mais. Fomos à natação-olha só que coisa ideal para deixar uma criança com sono ainda mais cansada-voltamos e almoçamos. Antes de sair de casa, já nem me lembro o motivo, Fofoquinha brigou comigo. Foi me chamando de casa até a escola de "a pior mãe do mundo". Detalhe: a adrenalina da noite anterior no pronto socorro nem tinha baixado ainda. No carro fui tentando todas as técnicas pedagógicas que conhecia para acalmar a criatura, sem resultado. Finalmente quando chegamos ela acalmou. E eu tão perto da porta da escola, já sentindo o cheiro de quatro horas de liberdade...Saindo do estacionamento Matraca-Trica resolve que quer por que quer colocar sua mochila nas costas. Fui andando devagar explicando que o médico havia dito que ele não podia carregar peso no ombro etc. Não funcionou. Tentei outras tantas táticas, nada. Vinte minutos de piti depois eu ainda não estava nem na porta da escola (a pessoa estava agarrada ao meu tornozelo, jogado no chão, aos berros e prantos. Gostou da cena? Tem um certo je-ne-sais-quoi familiar, non?) e a situação ainda estava escalando. A uma certa altura peguei a mochila, o moleque e entrei, esperando que alguma alma bondosa me ajudasse a acalmar a criatura. Chegando na porta da sala a "tia" veio me ajudar-ufa-quando Matraca-Trica no auge do descontrole me agarra por trás e morde meu bumbum com aqueles dentinhos de filhote de gato. Meu susto foi tamanho que instintivamente virei e dei-lhe uma bela palmada no bumbum. 
Pronto. Falei. Bati no meu filho. Na frente da professora, diretora e outras mães que me olhavam aterrorizadas. Surtei. Sabe aquele clichê "dói mais em mim do que em você"? É verdade. Aposto que na remota possibilidade disso acontecer com a Mulher Biônica, ela ia manter a compostura. Ela tem partes do corpo de aço. Eu tenho de manteiga. Chorei a tarde inteira. 
Isso acabou com minha futura candidatura à Mulher Maravilha ou Martha Stweart (mãe do ano então nem pensar), surtei uma vez e não há garantia nenhuma que não perderei o controle da situação de novo-existem muitas variantes em 24 horas e de repente tudo pode ir água abaixo, como deu para ver no triste dia que vivi. 
Bom, convenhamos também que eu não ia caber na fantasia de Mulher Maravilha tamanho 8 a 10 anos que tem aqui em casa...

terça-feira, 10 de junho de 2008

closets


Para quem ainda não sabe, eu tenho dois filhos. Fofoquinha é a mais velha, tem 5 anos-quase 6. Matraca-Trica é o mais novo e tem 3 anos. Apelidos carinhosos que mostram bem aonde amarrei meu burro. Tentar achar um espaço vago e silencioso para falar qualquer coisa em casa requer muita paciência. Mas não é sobre isso que quero falar agora.
Ter uma menina mais velha deixa a dinâmica da casa bem interessante. Muito frequentemente vejo Matraca-Trica de batom, unhas pintadas, tiara de contas, glitter e uma grande estrela cor-de-rosa, com um boá no pescoço e seu carrinho na mão que voa para salvar o trem Thomas que está preso embaixo das panelinhas. Imagino a cara de horror de algumas mães que conheço. Matraca-Trica já apareceu na escolinha várias vezes com a boca vermelho-carmim e levou esmalte para brincar com os amiguinhos. E as mães olham torto, tentando disfarçar qualquer movimento facial que entregue com sinceridade o que elas acham (que horror!), na minha cara. 
Momento fofoca (tá, admito: é de família...por favor contenha seu sorriso sarcástico): uma delas não deixa a filha brincar com meninos, nem os da mesma sala da escolinha quando estão fora dela. Outra não deixa os filhos brincarem com nenhum brinquedo que não seja remotamente "de menino" (panelinhas, vassouras, carrinhos de boneca, etc).
Eu sempre me coloco na posição do Matraca-Trica quando quer brincar com alguma coisa da Fofoquinha: minha irmã está passando uma coisa gosmenta e vermelha na cara. OBA! Também quero!
E porque não iria querer?
As pessoas, quando lidam com crianças, deveriam colocar todos seus pré-conceitos em uma caixa fechada e atirá-la no rio. Mesmo porque se um de seus filhos tiver uma orientação sexual definida, não vai ser um esmalte que vai mudá-la.
Vou um pouco mais longe e penso no futuro, digamos daqui uns 15 anos. Imaginou se essa menina resolve namorar outra menina e se um desses meninos sai do closet? Como essas mulheres vão lidar com isso?
Em casa as portas dos closets estão permanentemente abertas. Pensei muito sobre o assunto e cheguei à conclusão de que meus filhos são meus filhos. Qualquer que seja a orientação sexual que eles escolham, eu não só aceito como darei força e apoio. Com excessão de cabras e pedofilia, of course.

segunda-feira, 9 de junho de 2008

fofices do design XIII

Enquanto as paredes do quarto de seu filho ainda forem imaculadas, ou seja, ele ainda não se aventurou com nenhuma canetinha, giz-de-cera ou tinta dá para aproveitar o espaço para guardar seus brinquedos favoritos em bolsões de feltro em formato de bichos, como os de Jennifer Gibbs. Se falta de espaço para guardar brinquedos ainda não aconteceu no quarto de seu filho, é só uma questão de tempo. Vai acontecer. Sem brincadeira.

sexta-feira, 6 de junho de 2008

Aonde eu deixei mesmo?

Toda vez que saio com as crias tenho que levar a tal sacola que tem, entre tantos badulaques, as fraldas, a fralda de pano, lencinhos umedecidos, lencinhos de papel, uma muda de roupas para cada um, um kit primeiros socorros, pares extras de meias, cuecas e calcinhas; garrafas de água, chupeta, lanche, etc. Em outra sacola vão os carrinhos, baldes e pás, bichos de estimação e seja-lá-o-que-eles-resolverem-levar também naquele dia. Tem também minha bolsa. Pareço uma cigana vagando pelas areias do parquinho. 
Essa é a razão pela qual eu não compro mais nada caro nem de marca, nem para mim nem para as crias. O motivo é muito simples: administrar toda essa tralha requer tamanho esforço que um terço nunca volta para casa. O inventário é próximo ao do Carrefour. Eles tem pessoas especializadas para fazer isso, programas de computador e rede integrada. Eu tenho o Tico ou o Teco.
Da parte deles : o divertimento da cria menor no momento é enterrar os carrinhos favoritos que ele não pode dormir sem a companhia pela areia como se fossem ossos de cachorro para ver se ele consegue achar dois dias depois (há há. Só rindo para não chorar com a cena da Flavia de gatinhas fazendo buracos com a pázinha pela areia tentando recuperar o Macqueen para que esse moleque não surte na hora de dormir mais tarde.). A cria maior por sua vez coleciona qualquer papelzinho que é distribuído pelo trânsito-ela tem uma coleção de anúncios de construções de prédios e outra de desentupidores e dedetização que devem valer uma fortuna no Ebay. Duas semanas depois de me obrigar a pegar vários deles ela me pergunta aonde está aquele assim-assim que ela não consegue achar de jeito nenhum (porque eu joguei fora, evidentemente) e ela tinha deixado alí, ó.
Da minha parte: se vou ao banheiro lavar as mãozinhas cheias de lama de algum deles, o anel fica na pia. Se preciso tirar os óculos escuros para que eles não caiam quando estou abaixada fazendo bolos de areia, é lá mesmo que eles ficam. Se tirei o casaco e deixei no banco para poder me movimentar com mais conforto enquanto corro atrás deles como se fosse o lobo mau, a campanha do agasalho me agradece. Meu guarda-roupa diminuiu significativamente de tamanho desde que me tornei mãe.
Meu consolo é que, colocando as coisas em proporção real, nada disso tem muita importância. A gente pode repor tudo isso. Até mesmo a Sally que ficou enterrada na areia-a gente vai fazer o impossível, até mesmo bater na porta da Ri Happy às 8 da noite para conseguir outra a tempo da cria ir dormir.
A gente perde outras coisas também: a paciência, o sono, a segurança, o bom-humor, a auto-estima. 
O que não tem substituição é o sorriso de nossos filhos, mesmo com a boca quase sem dentes. E esse a gente nunca, nunca vai perder.


                                                                                            Para Thula.